"As vezes eu tenho vergonha do Chile".

Foi essa a frase que eu ouvi de um amigo chileno que morou no Brasil alguns meses e se vira muito bem no português. Por quê? É simples, a repressão policial dos carabineros (a polícia daqui) é inacreditável. Anteontem foi "dia dos jovenes combatentes", no ano de 1985 alguns jovens militantes foram mortos enquanto andavam pelas ruas de Santiago, nunca foi comprovado quem realmente matou os jovens, mas todos culpam os carabineros ou a polícia secreta. Desde então este dia ficou marcado todo ano por fortes combates contra a polícia aqui em Santiago, protestos fortíssimos com direito a uso de coquetel molotov, balas de borracha, barricadas e bombas de "efeito moral".
De fato, não presenciei nenhum destes combates de perto, o que vi foi uma correria em frente a Universidade semana passada, mas o assunto era outro, relacionado aos Mapuches e a Ley anti-terrorista, outro assunto muito polêmico aqui nas terras andinas.
No dia dos jovens combatentes não houve muitos protestos, e se entende, realmente é complicado protestar, mesmo que pacificamente, quando se tem mais de cinco ônibus lotados de policiais em frente a Universidade.
Pelo pouco tempo que estou aqui, já começo a entender o por quê desta frase proferida pelo meu amigo chileno, o por quê de haver muitos protestos violentos nas ruas e o por quê deste ódio sem fim ao Sr. Piñera. Não vivi nos tempos da ditadura, mas creio que não seja muito diferente do que se passa por aqui.
O povo chileno é um povo que luta pelos seus direitos, que levanta a bunda da cadeira quando se sente realmente incomodado com alguma situação e vai às ruas lutar pelos seus direitos.

Protesto contra a vinda do Presidente Obama.


Quem tiver interesse, leia este artigo do Wikipédia sobre a Revolução dos Pinguins, em 2006 aqui em Santiago:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mobiliza%C3%A7%C3%A3o_estudantil_no_Chile_em_2006

Hasta!

Não tenho aula essa semana não, o curso de História está de greve por vários motivos, então aproveito para passear um pouco por aí e dormir um pouco mais.

Olá Pacífico !

Se toda quinta fosse assim, hahaha. Ontem (quinta, dia 24) teve a festa da USACH na praia de Cartagena, cerca de duas horas de bus de Santiago. Nós, o pessoal do Brasil e alguns da Argentina, fomos no transporte alugado pelo pessoal da Física, o pessoal mais foda que encontramos por aqui, nos trataram super bem. Enfim, marcamos de sair as 10 da manhã mas saímos entre 11:30 e 12:00. Ao entrar no onibus era disponibilizado uma pulseirinha verde, essa pulseira servia para que no caso de alguém beber demais e ficasse muito louco e não conseguisse voltar para casa, alguém atiraria essa pessoa de volta em algum onibus qualquer que fosse para Santiago, hahaha. Ao chegarmos lá, depois de duas horas de muita cantoria, havia muitos onibus já e milhares de pessoas agitando na areia. Eu e mais um pessoal escolhemos ir para a praia e não ficar na festa em si, afinal Eu ainda não conhecia o pacífico.

Caminhamos uns 5 minutos e chegamos à praia, logo de cara um aviso "cuidado: alerta de tsunamis", hahaha não podia perder a foto. Infelizmente não deu para entrar no mar por varios motivos. Um deles era a água extremamente fria, e o outro era a marinha cuidando a praia e proibindo e multando as pessoas que quisessem entrar. Quem tivesse cerveja eles recolhiam e revistavam as mochilas. De certa forma Eu entendo porque os protestos aqui são violentos, a quantidade de policiais e a repressão deles nos faz lembrar uma ditadura. O Décio, um dos brasileiros que estava com nós, inventou de ir um pouco mais longe no mar, quando retornou tinha uns 5 ou 6 policiais com uma multa de presente. É um flayte (delinquente) mesmo, mal chegou no Chile e já teria a ficha suja se não fosse o Felipe (chileno de Santiago) convencer os policiais que ele não entendia as placas em español, hahaha.

Enfim, deu para molhar os pés só e comer um cachito, segundo nossos amigos Chilenos quem vem ao Chile e não come um Cachito não esteve aqui. É uma espécie de tubinho, aquele salgadinho de aniversário que vai carne e maionese, só que é bem maior, em forma de cone, frito e recheado com manjar (doce de leite), é bem bom e barato.

Ficamos até as 6 caminhando na praia junto com os perros, gostei bastante. Acho que sábado vamos a outras, como Valparaíso e Viña del Mar. A passagem é muito barata, em torno de 2.000 pesos, não chega a 10 reais. Foi uma boa viagem, gostaria de fazer mais vezes, foi épico o pessoal todo dentro do bus gritando "Marcelo, Marcelo, Marcelo !", me senti o foda né ehausheasuehusae.

Hasta !

Obama em Santiago.

Saimos da aula e tentamos ver o Obama, mas foi em vão. O policiamento no Palácio da Moneda estava enorme, a polícia mal deixava olhar pro portão. Parece que teve um atentado com bomba em Viña del Mar. O resultado foi que não vimos nada, trancaram a quadra inteira, somente policia e mais policia. Ao menos deu pra tirar umas fotos bonitas.

Terremotos!

Vários ! Entre as 19 e as 8 da manhã dos dias 17 e 18 de março. Segundo meu Professor foram quatorze no total, realmente o que deu pra sentir foram dois no máximo. O das oito da manhã foi o mais forte, segundo o site de notícias G1 foi de 5.3 na escala Richter. Como foi meu primeiro terremoto fiquei um pouco assustado, mas nem da tempo de pensar muito e já acabou. É bem estranho de explicar como é. Os chilenos nem se importam, é como se nada tivesse acontecido.

USACH.

Começou hoje oficialmente minhas aulas na USACH e devo dizer que gostei muito do que vi até agora. A Professora que tive até agora sabe muito do conteúdo que se propôs a nos ensinar e é bem flexível. Eu, como estrangeiro, não pude deixar de notar algumas coisas que se passam nas aulas. Parece que o estudo é levado mais a sério aqui, aluno atrasado necessita bater na porta e esperar que o Professor abra para pedir permissão para entrar e explicar o atraso. Ninguém sequer suspira quando o Professor fala, mesmo as classes sendo arrumadas em dupla ou em trios.
Por se tratar de uma Universidade particular (como todas no Chile, pois para quem não sabe aqui não existe Universidade Federal), a Universidad de Santiago tem uma ótima infra-estrutura e bons equipamentos, todas as salas possuem avisos de ajuda contra possíveis terremotos e é muito grande, com muitas áreas comuns, pequenos parques com zona wifi e diversas quadras dos mais diversos esportes. Um dos problemas é o preço das fotocopias aqui, são muito mais caras que no Brasil.
Andando a esmo pela Universidade depois da aula, conheci umas pessoas do departamento de Física, impressionante a maneira como me trataram, me senti em casa logo no primeiro dia. Pediam para eu contar histórias do Brasil e ficavam muito atentos ao que Eu dizia. Histórias que para mim passam despercebidas soaram muito interessantes para mis compadres chilenos. Nunca falar de globo, favelas, Rio Grande do Sul, Uruguay e etc, foi tão interessante. Enfim, tenho até futebol marcado todas as segundas agora. Hahaha.
Para terminar não podia deixar de comparar o RU daqui (aqui chamado de Casino) com o RU da minha Universidade em SM. Sintam-se felizes, universitários de Santa Maria. O RU daí possui mais variedades e é livre a quantidade de comida que pega (fora a carne). A vantagem daqui é que não existem filas para entrar, é um local agradável e não precisa fazer fila para entregar os pratos para lavar. Ainda bem que não como muito, pois se comesse com certezia sairia com um pouquinho de fome.
Ah, não podia deixar de terminar o meu post compartilhando o melhor momento do dia: Ingresso para o Iron Maiden no Estádio Nacional já está na mão ! Up the Irons ! \o/

Hasta ! Ticket Iron Maiden 10 de Abril de 2011. \o/

Esse é o prato do RU da USACH.

Viva Chile !

Amanhã está completando uma semana que estou aqui em Santiago, desde então caminhei o triplo do que caminhei 2010 inteiro, heauheae. Fora o alerta de tsunami no litoral, a semana foi tranquila. A cidade é muito grande e muito bonita, não tem como descrever certas partes como a Av. Recoleta que encosta nos Andes, ou o Mercado Central e seus 300 restaurantes de pescados.

A cidade é um convite ao colesterol alto e a obesidade mórbida, a cada esquina há um Mc Donalds, KFC, Burger King, Subway, Juan Maestro e outras incontáveis fábricas de gordos. Somente hoje caminhei, segundo o Google Maps, o equivalente a 8km pela cidade, sem parar. Visitei alguns shoppings burgueses, alguns museus que olhei só de fora, pois são caríssimos para entrar. Falando em caro, a cidade em si tem inúmeras opções para tudo que queremos, como comida, roupas, porcarias, inutilidades e etc, isso faz com que os preços variem demais ! Por exemplo, um italiano completo, que assemelha-se a um hot dog, só com que com salsinha, cebola e palta (creme de abacate), varia de 500 pesos a 1.700 pesos... no mesmo tamanho ! Enfim, caminhando e aprendendo, agora já frequento super mercados com preços mais acessíveis e mais opções de compras. Tive alguns problemas com esses caixas eletrônicos da era da pedra lascada e por isso terei que ir ao Banco do Brasil (que só existe um em toda Santiago), mas não faz mal, assim conheco mais partes da cidade. Tentei tirar foto com o Barney na rua, mas ele me queimou, heuahsuae, conheci a Catedral de Santiago e alguns monumentos que existem por aqui, todos muito bonitos. A quantidade de cachorros e pombos é fora do comum, em toda esquina há no mínimo 3 cachorros deitados na rua.
Amanhã começam oficialmente as minhas aulas na USACH e estou bem ansioso, nos trataram muito bem até agora lá dentro, espero que continue assim. Quando tiver novidades postarei aqui novamente. Até mais.
Ah, antes que me esqueça, finalmente chegou meu colega de quarto que por sorte é muito gente boa, Makito é japonês de Tokyo e companheiro de andarilhagem por Santiago. Chegou um dia antes da tsunami e dos terremotos, seus parentes estão bem, coisa que muitas pessoas de lá não podem dizer.


Força Japão !

Ao lado do mercado central.

Primeiras Impressões.

Por ser o primeiro dia, já imaginava que fosse ser meio caótico, mas não da maneira que foi. Após tomar um chá de banco de 8 horas assistindo globo sem volume, vem a notícia que o vôo atrasaria duas horas, que beleza ! O único atrasado do dia foi o meu, mas tranquilo. Cheguei em uma hora e meia em Montevideo onde fiquei sentado mais duas horas esperando o vôo de Santiago. Enquanto isso fiquei andando pelo "aerofreeshop" de Montevideo, onde uma coca cola custa nada menos que 8,50R$. Conheci um casal de tiozinhos muito gente boa, passei o tempo conversando com eles, no vôo pro Chile não vi quase nada, pois já era passado das 22 horas e Eu dormi um pouco. O aeroporto de Santiago é absurdamente enorme, do tamanho de Santa Maria, ehasuheuae. Depois de fazer os papéis de imigração e outras burocracias, conheci um japonês de Osaka completamente perdido e uma senhora de São Paulo. Fiquei meio nervoso ao ver que o aeroporto fica a quase 30km de distancia do centro e que o Real é MUITO desvalorizado aqui no Chile. Por sorte, ja fui tomando conhecimento da hospitalidade dos chilenos ao terem me oferecido carona até o centro, onde eu pegaria um onibus até a casa. Ao ser deixado no centro junto com o Kota, ficamos perambulando na Moneda pensando no que fazer, isso já passava da meia noite. Mais uma vez pedimos ajuda a um grupo de pessoas que caminhava por ali, prontamente chamaram um táxi, pechincharam o valor e foram muito atenciosos. O motorista nos deixou em frente a moradia, e cobrou 2.000,00 pesos, o equivalente a 7R$. Trouxe o Kota junto, pois senão ele iria dormir na rua, nao possuia dinheiro, nem nada. Conheci o dono da residência universitária e conversei com ele, possibilitando a estadia do andarilho nipon por uma noite.
Hoje pela manhã, levantei logo cedo e fiquei caminhando pela cidade durante 5 horas ininterruptas, conheci a Universidade USACH, onde vou estudar a partir do dia 14 e achei muito legal, é enorme.
Por enquanto é isso, daqui pra frente fica mais tranquilo. Tem mais brasileiros aqui pela casa. Reitero a hospitalidade dos chilenos que me ajudaram muito hoje pela manhã na rua, até ao motorista do onibus que nao me cobrou passagem por Eu ser brasileiro e mongo. "Ronaldo ! Ronaldinho !". Foi o que mais ouvi por enquanto, hahaha.

Introdução.

Bom, é interessante, antes de tudo, apresentar-me. Me chamo Marcelo Martins, natural de Santa Maria e criado em São Gabriel, aos 20 anos retornei à Santa Maria para fazer o que faço agora. Sou acadêmico da UFSM, 5º semestre do curso de História Licenciatura Plena/Bacharelado. Não possuo vícios nocivos, somente World of Warcraft.
O intuito deste blog é relatar a minha viagem a Santiago do Chile, que inicia no dia 08 de março e vai até o dia 09 de julho de 2011, ou um pouco mais. Parto amanhã (8 de março) de POA as 14:50, com uma parada em Montevideo (que também não conheço), creio que as 23:00 já devo estar chegando em Santiago. Descobri que iria viajar em meados de outubro, a empolgação em nenhum momento se transformou em medo do desconhecido ou algo do tipo, não sou muito familiarizado com o espanhol, então será outro desafio a ser batido.
Uma das únicas metas que eu tenho na vida é viajar, conhecer o maior numero de lugares possíveis. Começarei então pelo Chile, graças a oportunidade dada pelo pessoal da SAI, da USACH e da AUGM. É um País demasiado diferente do nosso, cultura e costumes diferentes, mesmo sendo logo ali, passando a montanha.
Mais do que relatos do dia-a-dia, esta viagem se torna pra mim a visão de um mundo novo, de alguém que nunca botou os pés pra fora de casa.